terça-feira, 12 de novembro de 2013

BOLÍVIA, O PRÓXIMO AFEGANISTÃO?

10 de Novembro, 2013 - 22:10 ( Brasília )
O país andino tornou-se um centro do crime organizado e um porto seguro para terroristas.


Nos anos que se seguiram à brutal ocupação soviética, que durou dez anos, o Afeganistão se transformou numa incubadora do crime organizado, da radicalização política e do fundamentalismo religioso, um lugar tão propício que Osama bin Laden instalou lá suas operações.
Agora, algo parecido pode estar ocorrendo na Bolívia. O governo é um defensor dos produtores de cocaína. A presença iraniana está crescendo. E relatos que chegam do país sugerem que extremistas africanos também estão se juntando à luta.
O presidente boliviano, Evo Morales, que também é o presidente eleito da confederação de produtores de coca, e seu vice-presidente, Álvaro García Linera, um ex-militante do Exército Guerrilheiro Túpac Katari, começaram a construir um narco-Estado repressivo quando chegaram ao poder em 2006.
O primeiro passo foi a criação de uma cultura do medo. Vários grupos de intelectuais, tecnocratas e ex-funcionários do governo foram hostilizados e muitos fugiram. José María Bakovic, de 75 anos e ex-especialista em infraestrutura do Banco Mundial, foi um dos que foram atacados, mas que se negou a ceder. Como presidente da Comissão de Rodovias, entre 2001 e 2006, ele havia criado um sistema de leilões de concessões concebidos para reduzir a corrupção na construção de estradas. Isso frustrou Morales. Bakovic foi preso duas vezes e teve que comparecer a tribunais mais de 250 vezes, acusado de "delitos administrativos", segundo fontes a par do caso. Nunca nada foi provado.
No começo de outubro, promotores públicos convocaram Bakovic para mais um interrogatório em La Paz. Cardiologistas disseram que a altitude iria matá-lo. O governo não quis ouvir as objeções médicas, efetivamente decretando sua sentença de morte. Bakovic foi a La Paz em 11 de outubro, sofreu um ataque cardíaco e morreu no dia seguinte em Cochabamba.
Com a oposição intimidada, Morales tem transformado a Bolívia num centro internacional do crime organizado e num refúgio seguro para os terroristas. A agência para o controle de drogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) foi expulsa do país. Dados da ONU mostram que a produção de cocaína aumentou na Bolívia desde 2006 e há relatos não confirmados de que delinquentes mexicanos, russos e colombianos têm viajado ao país para conquistar uma parte do negócio. O mesmo ocorre com os militantes que querem arrecadar fundos e operar no Hemisfério Ocidental.
A conexão com Teerã não é segredo algum. O Irã é membro sem direito a voto da ALBA (Aliança Bolivariana das Américas). Os membros com direito a voto são Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela.
Em seu testemunho perante à Comissão de Segurança Nacional da Câmara de Deputados dos EUA, em julho passado, o especialista em assuntos de segurança global Joseph Humire descreveu o interesse do Irã na ALBA: "O Irã compreendeu que a onda de populismo autoritário conhecido como 'Socialismo do Século XXI' que vinha se expandindo pela região oferecia à República Islâmica um ambiente permissivo para ela levar a cabo sua agenda global contra o Ocidente." A Bolívia é terreno fértil.
O Irã pode ter financiado total ou parcialmente a construção de uma nova base de treinamento militar da ALBA na região de Santa Cruz. De acordo com Humire, a embaixada do Irã em La Paz supostamente "tem pelo menos 145 funcionários iranianos registrados". Há também apoio boliviano a radicais convertidos ao islamismo, como o argentino Santiago Paz Bullrich, um discípulo do imã iraniano Mohsen Rabbani e cofundador da primeira Associação Islâmica Xiita em La Paz.
O Irã pode estar usando sua rede boliviana para contrabandear minerais estratégicos como o tântalo (que é usado no revestimento de mísseis), Humire disse ao Congresso americano. Pode, inclusive, estar contrabandeado pessoas. Informações não confirmadas, mas vindas de fontes confiáveis, descrevem altos funcionários ordenando a emissão de documentos de identidade e passaportes para numerosos jovens "turcos", uma maneira informal de descrever pessoas do Oriente Médio na América Latina. Uma testemunha disse a uma de minhas fontes na Bolívia (que pediu para ficar no anonimato por motivos de segurança), que os estrangeiros eram iranianos, mas não eram diplomatas.
O jornal boliviano "La Razón" informou que o potencial cônsul boliviano no Líbano foi preso pelas autoridades bolivianas por supostamente tentar contrabandear 392 kg de cocaína para Gana.
Graças a uma demanda estável de cocaína, a economia boliviana está inundada de dinheiro. A África está na principal rota do tráfico de cocaína para Europa. Isso pode explicar a presença cada vez maior de somalianos, etíopes e sul-africanos em Santa Cruz, que não é um destino comum para a imigração africana. Em abril deste ano, o corpo parcialmente queimado e mutilado de um homem negro foi encontrado perto da fronteira com o Brasil, o que pode sugerir um negócio com drogas que deu errado. Uma marca inusitada foi feita na coxa direita da vítima, como se os vilões quisessem crédito pela brutalidade.
Poucos dias depois, o jornal espanhol "ABC" reportou o caso de um espanhol que também foi torturado com uma inscrição em sua perna e que foi encontrado na mesma área. Uma fonte que não quis ser identificada me informou que a vítima tinha dito à polícia que o homem negro assassinado era seu amigo e africano. Segundo minha fonte, uma testemunha também disse que quando estava morrendo o homem teria murmurado as palavras "al-Shabaab", o nome do grupo terrorista somaliano.
Um boliviano que conheço diz ter visto na cerimônia de posse de Evo Morales, em 2006, Mohamed Abdelaziz, o secretário geral do grupo separatista "Frente Polisario", que tem liderado um longo conflito com o Marrocos.
A África do Norte está se convertendo numa incubadora para a violência. Circulam rumores de insurgência e de alianças terroristas. Caso Abdelaziz tenha realmente visitado La Paz, surgem novas questões sobre política externa da Bolívia.

Fonte: defesanet.com.br



Nota DefesaNet

Esta reportagem que não teve repercussão no Brasil, foi publicada na parte dedicada ao nosso país pelo Wall Street Journal.

Em palavras diretas a percepção que a fronteira OESTE do Brasil será composta de Estados Falidos : Bolívia, Argentina, talvez Paraguai e ao Sul o  Uruguai (este no caso de livre passagem de drogas).

A pressão nas fronteiras Sul e Centro-Oeste serão enormes.

O editor


É lastimável que esse tipo de caos esteja acontecendo em nossa fronteira, mas tenho certeza que a ordem prevalecerá.
Engº. Alberto Cohen Filho

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CREA-RJ repudia declarações de Moreira Franco

O CREA-RJ vem a público manifestar o seu repúdio à declaração irresponsável do ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Moreira Franco, que responsabilizou a má qualidade dos projetos elaborados pelos engenheiros brasileiros pelo atraso das obras de modernização dos aeroportos brasileiros.
Ora, a Engenharia Nacional foi o pilar de um ciclo de desenvolvimento iniciado na primeira metade do século XX que mudou a face do país, dotando-o de uma infraestrutura industrial e logística relativamente moderna e sofisticada. Esse reconhecido know-how tecnológico nacional em obras de envergadura poderia estar sendo aproveitado com mais inteligência. O aconselhável seria gastar mais tempo no planejamento das obras e executá-las de modo rápido.
Agora, em nome da urgência, muitas das obras para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 podem ter a sua qualidade comprometida pela falta de projeto executivo. Abre-se, assim, a possibilidade de empresas serem contratadas sem cumprirem as etapas essenciais que asseguram a qualidade de qualquer serviço ou empreendimento.
Ao atacar os engenheiros brasileiros, o ministro Moreira Franco deseja, no fundo, ocultar os grandes vilões dos atrasos na execução de obras: os administradores responsáveis, como o ministro, que sabe muito bem que o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo em 2007, ou seja, com tempo mais do que suficiente para não deixar tudo para a última hora. O que o ministro está tentando é tapar o sol com a peneira.
Assim em defesa da Engenharia Nacional e a fim de repor a verdade dos fatos, o CREA-RJ vê-se obrigado a prestar os seguintes esclarecimentos.
– O Brasil ficou conhecido em todo o mundo pela capacidade de realizar projetos de alta competência técnica, que tiveram papel estratégico na construção de uma infraestrutura industrial e logística ampla e moderna.
– Mesmo com a recessão da chamada década perdida – 1980–, a Engenharia Nacional não perdeu a sua pujança, embora tenha ficado ociosa pela falta de um projeto endógeno de desenvolvimento.
– Com a retomada, nos últimos anos, de uma estratégia de investimentos de longo prazo, seria necessário superar o gargalo da falta de planejamento na área pública para o pleno aproveitamento da nossa capacidade técnica.
– Não por acaso, o CREA-RJ vem alertando há algum tempo que o processo de contratação de obras para programas públicos de investimentos se depara com problemas que podem se transformar em armadilhas no caminho do desenvolvimento brasileiro.
– As licitações para empreendimentos em qualquer área precisam ser planejadas com antecedência para evitar, por exemplo, que uma exceção da lei, a urgência, transforme-se em regra. Esse artifício foi usado na Lei das Diretrizes Orçamentárias de 2011, que excluiu as obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 das exigências da Lei das Licitações (8.666).
– Mesmo quando não há urgência, muitos editais aceitam projetos básicos em detrimento de projetos executivos e terminam por privilegiar o critério do menor preço. Isso pode não apenas comprometer a qualidade da obra, como encarecê-la durante o processo de execução. O mais grave é que, como o projeto básico tem se mostrado insuficiente para prever todos os eventos de uma obra, são comuns os chamados aditivos contratuais, que podem elevar o custo total do empreendimento em até 25% , de acordo com estudos do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco).
– Lamentavelmente, as obras relacionadas aos megaeventos padecem dessa incompetência e da inaptidão para o planejamento do poder público, que, ao que parece, vem afetando especialmente a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.
– Um estudo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) sobre a situação dos 16 aeroportos das cidades-sede critica o acúmulo de obras em 2012 e 2013. O mais surpreendente, no entanto, é que o levantamento mostra que a necessidade de ampliação da infraestrutura aeroportuária é bem anterior às exigências de obras derivadas da realização de megaeventos esportivos no país.
– Portanto, se muitos aeroportos brasileiros estão operando no limite ou acima dele, e se a qualidade do atendimento da demanda cairá durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a culpa não é dos engenheiros brasileiros, mas da absoluta incapacidade do poder público realizar um planejamento adequado dos investimentos em infraestrutura no país.
Atraso
Embora reconheçamos que o atual governo botou o país em outro patamar de desenvolvimento, tirando milhões de brasileiros da miséria e da pobreza, elevando a taxa de emprego, controlando a inflação e nos situando como a sétima economia do mundo, há que se dizer, também, que, no caso específico da Copa do Mundo e suas obras, tivemos tempo suficiente para nos preparar adequadamente.
Os mesmos engenheiros que, segundo o ministro, fazem projetos ‘muito ruins”, são requisitados no mundo todo para, junto com as nossas empresas de engenharia, trabalharem em obras grandiosas, em todos os continentes. Não é exagero afirmar que a engenharia brasileira é considerada, atualmente, uma das melhores do mundo.



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Fonte: Crea-RJ

Deixo registrado que minha opinião difere do conselho no que tange os itens progresso, fim da miséria, crescimento do emprego e controle da inflação.   Todos esses itens a meu ver são maquiados e se há algum mérito, este é devido a governos anteriores.   Mas concordo que nossa engenharia é uma das melhores do mundo e que nosso problema é administrativo e político e nunca técnico.

Engº.Alberto Cohen Filho


Excelência da Engenharia Brasileira - CONFEA

Brasília, 6 de novembro de 2013.


Com relação às afirmações do Ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, o SOCIÓLOGO WELLINGTON MOREIRA FRANCO, no dia 31/10, de que os atrasos nas obras de seis dos 12 aeroportos de cidades-sede da Copa de 2014 “são fruto da falta de engenheiros e da má qualidade da formação dos engenheiros que temos no país”, o Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) vem se pronunciar  na condição de representante de mais de um milhão de  profissionais registrados no Sistema Confea/Crea e Mútua, na forma como se segue.

Político e sociólogo, o Ministro Moreira Franco tenta desmoralizar os engenheiros que atuam no desenvolvimento do país ao mesmo tempo em que lançou uma perigosa fagulha de desconfiança acerca da segurança e confiabilidade das obras sob sua coordenação.  Em seu infeliz pronunciamento, o Ministro entra em rota contrária à posição da Presidente da República, Dilma Rousseff, que manifestou elogios à engenharia nacional durante recente pronunciamento na Assembleia Geral da ONU.

Cabe lembrar ao Senhor Ministro que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 é um evento da Federação Internacional de Futebol (Fifa), que decide com bastante antecedência o país a sediar o torneio. Com que objetivo? Permitir que o país-sede da Copa se prepare, dotando-se da infraestrutura necessária, como estádios, mobilidade urbana, aeroportos, rede hoteleira etc., para um evento dessa magnitude. Portanto, no dia 30 de outubro de 2007, a Fifa ratificou o Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014, momento em que o gargalo da infraestrutura para a realização da Copa já existia com relação aos aeroportos. 

O atraso na execução das obras de infraestrutura do país passa, evidentemente, pela falta de GESTÃO, PLANEJAMENTO e PROJETOS DE ENGENHARIA. Bons projetos de engenharia são aqueles que possuem todos os elementos e informações técnicas, básicas e executivas. 

Com efeito, projeto básico somente não basta, são necessários projetos executivos e também os projetos complementares, de elevada complexidade. Por isso, há uma demanda de tempo necessário para que se possa planejar e projetar. O planejamento de grandes obras ficou esquecido e somente aos 45 minutos do segundo tempo iniciou-se a execução das obras, ao arrepio das comezinhas regras que regem os procedimentos necessários para se realizar bons empreendimentos com qualidade, segurança e economia, que justificam a palavra ENGENHARIA.

O reconhecimento da Presidente Dilma Rousseff na ONU reflete a sabedoria de que as grandes obras do país são planejadas, projetadas e executadas por engenheiros. Honrosamente, os engenheiros conduzem a transformação do Brasil ao longo de sua história: da Ferrovia Mamoré-Madeira, entre 1907-1912, passando pela Construção de Brasília e por projetos como a Ponte Rio-Niterói, as hidrelétricas nacionais, obras mais recentes como a Ferrovia dos Carajás, Rodovia dos Imigrantes, a Linha Vermelha, no Rio de Janeiro, ou as pontes estaiadas de Brasília e São Paulo, entre terminais portuários, aeroportuários, metroviários, e inúmeras outras obras, como linhas de transmissão, estações de tratamento e as do setor petroquímico, inclusive, a descoberta do petróleo na camada de pré-sal.

Devemos lembrar ao Senhor Ministro a excelência da engenharia brasileira, uma profissão às vésperas de completar 80 anos de regulamentação, no próximo dia 11 de dezembro, data de aniversário do Sistema Confea/Crea. Tanto é verdade o elevado know-how alcançado, que as empresas de engenharia nacionais vêm atuando e construindo a infraestrutura de países de todos os continentes: no Iraque (ferrovias Bagdá-Akashat e Expressway, hotéis, rodovias); Mauritânia (rodovias e aeroporto); Argélia (conjuntos residenciais, universidades, complexos industriais); Angola (hidrelétrica); República Dominicana (rodovias); Chile (metrô de Santiago, hidrelétrica, rede de transmissão); Venezuela (hidrelétrica de Guri, metrô de Caracas, projetos de Engenharia Agrícola e de Agronomia), entre tantos outros países onde a engenharia brasileira realiza obras.

Também não faltam excelentes escolas de engenharia.  Sabemos que existem, como no Direito, na Medicina e em outras áreas do conhecimento técnico e científico, as boas e as más escolas, resultado do comércio em que se deixou transformar a Educação Superior em nosso país. Mas cabe ao Ministério da Educação (MEC) a avaliação da qualidade do ensino-aprendizagem, e o Confea tem participado desse processo, ao colaborar na análise da grade curricular, em busca do aprimoramento dos cursos ofertados na área tecnológica.

Na oportunidade, relembramos ao Senhor Ministro que não nos faltam engenheiros, pois contamos com profissionais suficientes para projetar e construir tudo de que o país necessita, tendo em vista que as projeções de crescimento do PIB da ordem de 4,5% ao ano, feitas nos últimos anos, não se concretizaram, ou seja, não houve o déficit de profissionais que poderia vir a ocorrer. Os registros de 40 mil novos profissionais por ano, em média, nos Conselhos Regionais de Engenharia atendem à necessidade do mercado, exceto em áreas específicas, como, por exemplo, mineração, gás e petróleo.

Pesquisa do Instituto de Pesquisa  Econômica Aplicada (Ipea), divulgada ontem (5/11), confirma essa análise sustentada pelo Confea, no último ano. O estudo contesta a teoria de escassez de engenheiros, ao apontar que, apesar do aumento do percentual de engenheiros exercendo ocupações típicas, de 29%, em 2000, para 38%, em 2009, está descartado o risco de um “apagão” de mão de obra de engenheiros, porque  não se confirmou o crescimento do PIB “em níveis indianos”, conforme previsto.

Já no âmbito governamental, além da carência de gestão, planejamento e projetos, falta o reconhecimento das atividades exercidas pelos profissionais de Engenharia e de Agronomia ocupantes de cargo efetivo no serviço público, como carreiras essenciais e exclusivas, típicas de Estado, haja vista a posição estratégica com que essas áreas devem ser tratadas, para alavancar o segmento nacional de serviços e obras públicas. 

Há pouco mais de um ano, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira condenou, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, a incapacidade de formulação e gestão de projetos do Governo Federal, atribuída à ausência de engenheiros no Estado brasileiro. “Enquanto mais de 80% da alta burocracia chinesa é formada por engenheiros, no Brasil não devem somar nem mesmo 10%”, disse, chamando atenção para a importância da profissão para o desenvolvimento do país. Formular projetos de investimento e encarregar-se da gestão da execução são atribuições da Engenharia, minimizadas pelo Estado brasileiro, conforme Pereira. “Fortalecer a Engenharia brasileira nos três níveis do Estado é prioridade”, conclui. 

A luz no final desse túnel se vislumbra por meio do PLC 13/13, que tramita em caráter terminativo de votação no Congresso Nacional, a ser posteriormente sancionado pela Presidente Dilma Rousseff.  A partir do manifesto na ONU, de reconhecimento e valorização da Engenharia para o país, espera-se a breve aprovação e sanção desse projeto. Reforça essa expectativa a determinação da Presidente da República, de fazer cumprir uma das funções fundamentais do Estado:  prover a infraestrutura de que o Brasil necessita.

Outra fragilidade existente na esfera pública advém da Lei nº 8.666/93 e de mecanismos que permitem a modalidade de pregão eletrônico para a licitação de projetos de engenharia.  Aqui destacamos uma demanda por conhecimento intelectual relacionada ao notório saber técnico-científico e que não pode ser avaliada por tal procedimento. A utilização do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), por sua vez, só vem comprovar que não houve planejamento para a aquisição e contratação, em tempo hábil, dos projetos e da realização das obras necessárias, por meio de procedimentos técnicos e adequados. 

É lamentável o tom de ofensa expresso pelo Ministro, que joga a culpa nos engenheiros pelos atrasos nas obras, e consideramos que a nota de esclarecimento publicada com data do dia 3/11 buscou justificar o injustificável, ao imputar também desqualificação às pequenas e médias empresas de projetos. Até porque, enquanto o político em sua campanha eleitoral apresenta planos e propostas de Governo, os engenheiros trabalham em projetos de Estado, necessários para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil. 

Nesse cenário, o Sistema Confea/Crea se coloca, juntamente com seus profissionais e as empresas de engenharia registradas, à disposição do Governo brasileiro, para contribuir com a expansão dos níveis de qualidade dos projetos e da execução das obras, visando ao desenvolvimento e ao progresso do País e à realização dos eventos internacionais que se aproximam. Desse modo, expressamos a nossa disposição para que o Brasil, além do legado de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, deixe também para as gerações futuras um legado com a marca de gestão pública competente e eficiente. 
 
*José Tadeu da Silva é engenheiro civil, professor e advogado, Presidente do Confea para o triênio 2012-2014, Presidente da Federação Brasileira de Associações de Engenheiros (Febrae),  Presidente eleito da União Pan-americana de Associações de Engenheiros (Upadi) e membro da World Federation of Engineering Organizations (WFEO).


Fonte: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
 

Carta aberta aos brasileiros - Exercício Profissional do Engenheiro

Exmo. Sr. Ministro Moreira Franco
c.c. Excelentíssima Presidenta Dilma Rousseff

Lamentáveis as declarações de V. Exa. acerca da qualificação dos engenheiros brasileiros. 
A infelicidade das declarações, que enfaticamente repudiamos, é tão flagrante que o Sr. Ministro não lembrou que a partir de 1970, engenheiros brasileiros construíram: Itaipu, Urubupungá, Promissão (dentre muitas usinas hidroelétricas construídas), Rodovia Cuiabá-Porto Velho, Sistema Anchieta-Imigrantes (dentre muitas rodovias implantadas), Terminal do PECEM, Ponta da Madeira (com capacidade de operar graneleiros de até 400.000 t de deslocamento); Metrô do Rio de Janeiro e de São Paulo, e muitas outras obras importantes de infra estrutura.
Exportamos serviços de engenharia para o mundo inteiro, não omita isto.
No tocante às declarações referidas, o Clube de Engenharia repudia firmemente a falsa explicação de que "os atrasos não acontecem por falta de dinheiro"(?). V. Exa. sabe muito bem que os principais cargos ocupados pela Infraero não o são por técnicos mas sim nomeações de viés político. Poderia até ser o seu caso, pois, sabemos, V. Exa não é do ramo. Pela amostragem de obras elencadas em parágrafo anterior, fica claramente  demonstrado que a geração de engenheiros não foi perdida, mas antes sobretudo, está a dos políticos sem capacidade administrativa. Quando há dinheiro e não há realizações, fica patente, tal qual um teorema de geometria, a incompetência de quem administra. Qual é a Empresa Construtora que não deseja executar obras, quando existem recursos para tal? O Clube de Engenharia não tem esse registro.
V. Exa. poderia, antes de fazer este pronunciamento tão infeliz sobre os engenheiros brasileiros, conferir as datas das realizações de todas as licitações dos aeroportos, os requisitos técnicos exigidos em edital e apurar profundamente a razão dos atrasos. Não foram as Construtoras Brasileiras! Caso V. Exa. se digne, analise caso a caso, o porquê das paralisações das obras, determinadas pelo TCU.
Impossível calar, quando o Ministro-Chefe, tenta, no "Encontro Nacional de Editores da Coluna Esplanada", classificar os engenheiros brasileiros de mal formados e de elaboradores de projetos ruins.
O Clube de Engenharia tem elementos fartos e reais, caso V. Exa. deseje debater detalhadamente as razões dos atrasos.
Insistimos em realçar o pesar de que a Engenharia Brasileira foi tomada, ao vislumbrar a total desinformação de V. Exa., ou tentativa de acobertamento, acerca da realidade ocorrida nas concorrências e na construção dos Aeródromos Brasileiros.
CLUBE DE ENGENHARIA 

Fonte: Clube de Engenharia