terça-feira, 10 de julho de 2012

MSF pede soluções para os 500 mil somalis na região


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14 de junho de 2012 – De acordo com relatório divulgado hoje por Médicos Sem Fronteiras (MSF), pouco antes do Dia Mundial do Refugiado, é questão de tempo até que a próxima emergência chegue ao campo de refugiados em Dadaab. Dadaab: Sombras de Vida (Dadaab: Shadows of Lives) descreve os suplícios de meio milhão de refugiados que vivem em condições de crescente insegurança sem ter para onde ir e argumenta que é urgente a necessidade de explorar alternativas.
De acordo com MSF, um ano após a crise humanitária de 2011, a desnutrição e os índices de mortalidade caíram, alcançando níveis pré-emergenciais. Mas a situação nos acampamentos segue inaceitável e, sem que haja mudança significativa, esse padrão de crise seguido de períodos de relativa tranquilidade vai continuar indefinidamente, com profissionais de saúde sempre alerta e esperando a próxima emergência.
 “Atualmente, mesmo que as pessoas sejam alimentadas ali, Dadaab não é mais um local de refúgio”, diz Dr. Elena Velilla, representante de MSF no Quênia. “É evidente que os modelos atuais de acampamento não funcionam. Quantas crises nutricionais ou epidemias de sarampo mais serão necessárias para que busquemos uma solução?”
Refugiados, em sua maioria mulheres, crianças pequenas e idosos, continuam a vir da Somália. Mas Dadaab já não oferece segurança. Ali, e nas redondezas, a segurança tem piorado, afetando os serviços de saúde e o fornecimento de ajuda por MSF e outras organizações.
Após sérios incidentes em outubro de 2011, incluindo o sequestro de duas profissionais de MSF, as atividades humanitárias no acampamento foram reduzidas e exames médicos para refugiados recém-chegados, paralisados. Nos oito meses seguintes, os novos refugiados tiveram de procurar abrigo com os mais antigos nos acampamentos já superlotados. Houve epidemias de sarampo e cólera.
Alternativas a Dadaab sugeridas por MSF incluem persuadir a comunidade internacional a permitir que mais refugiados sejam reassentados no exterior, encaminhados a regiões mais seguras em acampamentos de tamanhos adequados, e desenvolver possibilidades para que eles se tornem autossuficientes.
 “Um campo de refugiados não é uma solução de longo prazo”, diz Dr Velilla. “Milhares de pessoas vulneráveis sofreram demais. Em um refúgio seguro, saúde e dignidade deveriam ser garantidas. Até que seja tomada uma atitude, os refugiados somalis continuarão a sofrer.”
MSF opera um hospital com 300 leitos em Dagahaley, um dos cinco campos que integram Dadaab. Atualmente, mais de 850 crianças severamente desnutridas participam de programas específicos. As equipes de MSF realizam uma média de 14 mil consultas médicas a cada mês e internam 1000 refugiados. O hospital também oferece cuidados maternos, cirurgia e tratamento para HIV/Aids e tuberculose. A organização gerencia também quatro postos de saúde em Dagahaley, oferecendo cuidados básicos de saúde e pré-natal, vacinação e cuidados com a saúde mental.
Em outubro de 2011, duas profissionais de MSF, Montserrat Serra e Blanca Thiebaut, foram sequestradas no acampamento de Dadaab, enquanto trabalhavam na assistência emergencial para a população somali. Ambas permanecem em cativeiro e MSF, embora continue respondendo a crises agudas, suspendeu a abertura de quaisquer projetos que não estejam relacionados a emergências na Somália até que elas sejam soltas. 
Fonte: email de msf.

Libaneses acolhem refugiados Sírios.


22 de junho de 2012 - Desde o início dos conflitos na Síria, dezenas de milhares de sírios se refugiaram em países vizinhos. À medida que mais e mais pessoas chegaram ao Líbano em busca de abrigo e cuidados médicos, Médicos Sem Fronteiras (MSF) estende suas atividades no país para as regiões de Wadi Khaled, Trípoli e o vale de Bekaa. Laurent Ligozat, diretor operacional adjunto de MSF, que acaba de voltar da região, relata a situação encontrada por Médicos Sem Fronteiras:
“Mais de 20.700 sírios que fugiram de seu país de origem – de um total de 27 mil registrados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados - estão agora oficialmente registrados no Líbano. A maioria está vivendo no norte do país e na região do vale de Bekaa. Alguns estão hospedados com familiares ou foram recebidos pela comunidade local; outros ocuparam edifícios públicos ou casas abandonadas. Muitos têm pouquíssimos bens e viver é uma luta diária. Pressionados, serviços de saúde e ONGs locais também estão começando a trabalhar na região.
As turbulências na Síria não estão melhorando. Para os refugiados, os bombardeios, a jornada em busca de segurança e o reassentamento no Líbano foram experiências muito traumáticas – tanto para adultos quanto para crianças. Eles se pegam revivendo eventos passados, como a perda de familiares e de suas casas. Muitos estão tomados por sentimentos como medo, insegurança e incertezas sobre o futuro – e isso se sobrepõe às dificuldades econômicas que estão enfrentando.
Suprindo necessidadesIdentificamos a saúde mental como uma necessidade particular dentre os serviços médicos oferecidos. Em novembro de 2011, começamos a realizar consultas e gerenciar grupos de apoio, sessões psicoeducacionais e terapia de família na região norte de Wadi Khaled.
À medida que mais e mais famílias começaram a se acomodar no norte da cidade de Trípoli, nós estendemos os serviços para o hospital de Dar Al Zahraa e para o hospital público de Trípoli, oferecendo consultas psicológicas e psiquiátricas, bem como cuidados de saúde primários, incluindo imunizações infantis e tratamento de doenças crônicas e agudas, tanto para sírios quanto libaneses locais. Estamos trabalhado também no vale de Bekaa, que é o ponto principal utilizado por aqueles que querem cruzar a fronteira e fugir da violência na Síria. As equipes médicas de MSF realizaram mais de 4.600 consultas para cuidados de saúde primários e mais de 900 consultas psicológicas e psiquiátricas individuais, todas gratuitas. Cobrimos os custos de internação de 86 casos de emergência médica, incluindo partos, tratamentos de diálise e operações que salvaram vidas.
Organizações não governamentais locais têm trabalhado em conjunto conosco e têm desempenhado papel fundamental na aproximação de MSF com grupos de refugiados vulneráveis. Eles também nos emprestaram suas instalações para que pudéssemos disponibilizar nossos serviços rapidamente.
População local abre suas portasAs comunidades locais – tanto de Wadi Khaled quanto do vale de Bekaa – tem feito muito para aliviar o sofrimento dos refugiados sírios. Há grande senso de solidariedade, e muitos abriram suas casas para os refugiados, dividindo seu espaço e sua comida.
Mas há ainda muitos refugiados que precisam de abrigo. Em março, ajudamos a reformar cinco edifícios públicos para abrigar famílias sírias na fronteira da cidade de Aarsal.
Habitação já é uma séria questão, especialmente em Aarsal e Trípoli. Isso porque os refugiados continuam a chegar e a comunidade local simplesmente não tem como abrigar mais ninguém. Visitei casas nas quais duas ou três famílias já dividiam apenas um ou dois cômodos.
Nada nas mãosNa maioria das vezes, os refugiados sírios chegam sem ter nada, sem meios de sobreviver, com a possibilidade de ter sua situação econômica deteriorada rapidamente. Eles têm necessidade do básico: comida, leite para bebês, fraldas, itens de higiene, equipamentos para cozinhar, colchões e cobertores. Entre janeiro e maio, providenciamos itens de necessidades básicas a cerca de 2.150 pessoas na região montanhosa de Aarsal, incluindo combustível e lenha para aquecimento.
Observamos muitas reclamações musculoesqueléticas, infecções respiratórias agudas e doenças de pele entre os refugiados. Algumas dessas mazelas podem estar relacionadas às más condições em que muitos estão vivendo. Durante o inverno, havia famílias em Aarsal morando em edifícios inacabados, sem ter onde se proteger da neve e do frio intenso. Outros não têm acesso à água corrente.
Refugiados com doenças crônicas também estão em risco, uma vez que podem ter saído da Síria sem sua medicação regular e não ter condições de comprar mais. Tratamos casos severos em Trípoli: um paciente teve de ter seu dedão do pé amputado devido a complicações causadas por diabetes, enquanto um paciente hipertenso apareceu com hemiplegia, o que significa que um lado de seu corpo estava paralisado.
Experiências terríveisCrianças estão particularmente vulneráveis. Muitas delas tiveram familiares e amigos desaparecidos ou mortos. Elas podem ter testemunhado assassinatos e espancamentos, ter deixado suas casas sob condições de perigo e frequentemente ficam ansiosas por notícias de parentes que ficaram para trás. Em termos de saúde mental, observamos casos de mudez, mas os sintomas mais comuns são urinar na cama, comportamento agressivo ou regressivo e medo constante em relação a eventos traumáticos.
Adultos, obviamente, compartilham dos mesmos medos, e nossas equipes de saúde mental encontraram pessoas com sintomas agudos, envolvendo pensamentos suicidas, reações pós-trauma, reclamações físicas relativas a estresse psicológico e psicose aguda. Depressão e ansiedade são os diagnósticos mais comuns.
Tensões no LíbanoO impacto da crise síria no Líbano está aumentando, especialmente nas regiões fronteiriças e em Trípoli. Desde meados de abril, estendemos nossos serviços de saúde mental para o hospital público de Trípoli, localizado em uma das áreas de maior conflito, e um médico de emergência de MSF está também ajudando no departamento de emergência do hospital. MSF planeja aumentar sua capacidade de oferecer cuidados médicos emergenciais para civis direta ou indiretamente afetados pela violência trabalhando em um hospital e dois postos de saúde.
Reconheço que a assistência médica de MSF a Síria ainda é limitada, especialmente quando consideradas as imensas demandas médicas atuais do país. Há muitos meses, estamos buscando obter autorização oficial para trabalhar nas províncias sírias mais afetadas pela violência. Infelizmente, até o momento, nenhum de nossos esforços – tanto tratando diretamente com autoridades sírias quanto por intermediários – foram bem-sucedidos. No meio tempo, continuamos a apoiar redes médicas em Homs, Deraa, Hama, Damascus e Idlib, entregando suprimentos e medicamentos por meio de países vizinhos.”
Fonte: email de msf.

Já são mais de 300 mil pessoas buscando abrigo em países onde o acesso a água potável, abrigo e alimento é escasso


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26 de junho de 2012 - Uma crise política tem dividido o Mali desde o final de janeiro. Muitas pessoas estão saindo de regiões no norte do Mali; refugiados e deslocados internos têm se escondido no mato ou fugido em massa para Burkina Faso, Níger e Mauritânia. É comum que encontrem abrigo em locais já habitados – muitos dos quais prejudicados pela insegurança alimentar na região. Médicos Sem Fronteiras (MSF) está respondendo às crescentes necessidades humanitárias na região, providenciando assistência tanto aos refugiados quanto às populações locais.
O medo do fogo cruzado, a insegurança e a crise alimentar motivaram mais de 300 mil malineses a deixar seu país rumo às nações vizinhas. “Muitos estão aterrorizados e prontos para deixar tudo para trás na tentativa de escapar da violência”, disse Marie-Christine Férir, coordenadora de emergência de MSF. Os refugiados, que vêm principalmente de Timbuktu, Gao, Ségou e Mopti, estão se instalando em comunidades e acampamentos nos quais o fornecimento de água, abrigo e comida é extremamente limitado.
Cuidando da saúde básica Para atender às necessidades das populações vulneráveis, MSF está dando apoio a centros de saúde em Burkina Faso (Gandafabou e Férrerio), na Mauritânia (Fassala, Mbéra e Baaikounou) e no Níger (Chinagodar, Bani Bangou e Yassan). Semanalmente, MSF trata pessoas nos campos de Burkina Faso (Dibissi, Ngatoutou-Niénié, Déou) e do Níger (Ayorou, Maigaïzé, Bani Bangou, Abala, Gaoudel e Nbeidou) por meio de suas clínicas móveis. Desde fevereiro, as equipes médicas de MSF realizaram mais de 23 mil consultas na região fronteiriça do Mali. “Estamos tratando basicamente infecções respiratórias, malária e diarreia. Tais problemas estão geralmente ligados às más condições em que vivem os refugiados”, diz Marie-Christine. As equipes de MSF estão também tratando um grande número de mulheres que precisam de cuidados obstétricos. Cem mulheres deram à luz no posto de saúde de MSF no acampamento de Mbéra, na Mauritânia.
Água: um recurso raro e preciosoOs refugiados não têm acesso suficiente à água potável, principalmente nas áreas desertas da Mauritânia. A água é um insumo essencial para evitar doenças e outros problemas de saúde relacionados à higiene. No campo de Bani Bangou, caminhões de MSF estão providenciando alguns reservatórios, somando cerca de 200 m3 de água clorada por semana. “Com temperaturas chegando a 50 graus, temos de assegurar que os refugiados e, principalmente, crianças pequenas e idosos, bebam água suficiente”, diz Marie-Christine. Migrações como essa são ainda mais alarmantes, considerando que a região já sofre com a seca e a insegurança alimentar.
Tratando e prevenindo a desnutriçãoOs refugiados são totalmente dependentes de ajuda humanitária para recursos básicos, como a distribuição de alimentos, mas as mães não recebem leite nem alimentos apropriados para alimentar seus filhos. “O arroz pode aliviar a fome, mas não substitui os nutrientes necessários para as crianças. A distribuição de alimentos com proteínas, gorduras, vitaminas, carboidratos e minerais é essencial para o crescimento e o desenvolvimento da criança”, diz Marie-Christine. Na Mauritânia, refugiados contaram a MSF que tiveram de deixar o Mali por conta da falta de comida. Desde o início da resposta à emergência, MSF tratou quase mil crianças severamente desnutridas nesses três países.
Enfrentando epidemiasProteger as crianças do sarampo é outra prioridade de saúde nos acampamentos onde MSF está atuando. Nesses locais, onde as pessoas vivem em meio à desordem e as crianças sofrem de desnutrição crônica, uma epidemia de sarampo pode ser devastadora. MSF vacinou mais de 10 mil crianças desde março com a ajuda de autoridades da área da saúde. Casos de cólera têm sido registrados em Namarigoungou e Bonfeba, no Níger. MSF e o Ministério da Saúde trataram cerca de 600 pacientes com cólera desde o início de maio. Outra equipe de MSF está na fase final de preparação de dois centros de tratamento de cólera com 60 leitos cada.
A vulnerabilidade dos refugiados e a proximidade da estação chuvosa vão elevar o risco de epidemias como malária e cólera. Além disso, o tradicional período de fome, que tem início no mês de julho, sempre vem acompanhado de um pico de desnutrição. No tratamento dessas pessoas vulneráveis, os refugiados terão de enfrentar o duplo fardo composto por desnutrição e malária.
Na região de Sikasso, no Mali, equipes de MSF estão conduzindo também atividades pediátricas e nutricionais em cinco centros de saúde e no hospital de Koutiala. Além de atividades curativas, MSF está trabalhando na prevenção das principais doenças infantis. No norte, MSF está trabalhando no hospital de Timbuktu oferecendo ajuda para as cidades de Timbuktu, Kidal e Mopti.
Fonte: email de MSF.